ESTATÍSTICA DIÁRIA

ADMIRADORES DAS IDEIAS

domingo, 25 de novembro de 2012

CARTA A UMA POETISA






Natal, 30 de junho de 2012.
Prezada poetisa,
T. L.

Banzoções!

Começo por negar qualquer possibilidade de me afirmar poeta, posto que a minha identidade possa realmente está nas palavras que profiro ou silencio, porque tu és poetisa e sei que não só entendes, mas sentes; haja vista, tu bebes na mesma fonte por teres como ofício o amor pelas palavras. Não há acaso quando todos os caminhos convergem para o mesmo ponto em nome da arte; assim como não há fronteiras quando a literatura serve-se de passaporte para transcender os mais longínquos lugares que só a arte pode indicar. Digo isto T. L., por a vez primeira, que te encontrei não eras tu docente, mas poetisa em meio um monte de jovens, diga-se de passagem, graduandos que se deleitavam das palavras como poetas livres a passarinhar de liberdade e de prazer num universo infindo de vivências, que me fez refletir os tempos idos da década de noventa, quando ainda na Universidade (UFRN), cursando Letras, sonhava por um ensejo como aquele do CON-VERSA com PROSA, na Casa da Ribeira; e, a forma pela qual foi conduzido o sarau poético me levou a fazer uma intervenção repentina, certamente, levado pela sedução do momento; percebi que havias tomado um comportamento digno de poeta nas ações, nas palavras desestruturantes da primeira ideia drummondiana (declamando o teu poema paródia de QUADRILHA); assim como no ato de servir água, ali, para os presentes, certamente numa atitude bem franciscana (cristã, nordestina, maranhense) ou como digo numa máxima que criei: AQUELE QUE QUER SERVIR; É PRECISO VIR A SER; e como tu mesma dizes é preciso que saiamos do pedestal para quebrar o distanciamento entre docente e discente para que este se sinta seguro com a nova realidade acadêmica ou qualquer outra.
Ante todo esse contexto não me atinei por nenhum instante sequer que tu, poetisa T. L., serias a ministrante da disciplina: POESIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA, da Especialização que estava a fazer, quando certamente na profundidade latente do meu afã, tudo direcionava para essa realidade, e assim foi uma satisfação arrebatadora vê-la quebrando toda a lógica de mestra, docente ou professora, porque para mim e para muitos dos meus colegas, a todo o momento te fizeste poetisa marginal por te fazeres popular (junto a nós) e por ficares à margem da sala tradicional onde tudo começou (H4), ou seja, todos os encontros que tivemos contigo foram em salas diferentes e mais uma vez tu te mostras distinta nos apresentando uma forma poética de viver a vida, posto que literatura é vida, e a vida sem literatura é insossa, porém há quem viva uma vida sem sal, fazer o quê?  Portanto, não me foi nenhuma surpresa porque já te conhecia poeta em Drummond e agora em tantos outros que nos trouxeste à luz dos nossos saberes, mormente, os chamados poetas marginais, malditos, da década de setenta, estes que poeticamente foram beber nas fontes românticas e modernistas tendo suas identidades nas palavras, assim como diz, Oliveira Silveira no poema A PALAVRA NA PRAÇA: “A Palavra passei, toma sol, Lê jornal e engraxa os sapatos. Que sapatos?...” Como também Chacal que diz: “É proibido pisar na grama; o jeito é deitar e rolar”, Mário Quintana, Itamar Assunção, Ana Cristina Cesar, Cacaso, Paulo Leminski, Torquato Neto, Waly Salomão ou como o sociólogo Garcia Canclini que diz: “O popular é excluído”; porém, diante essa mesma exclusão já não existe mais tempo para revoluções, para marginalidade, para radicalismos extremos (costumo dizer que todo radicalismo é suicida, assim como foi a ditadura militar, o comunismo, e as vitórias do Flamengo), pois vivemos os tempos das incertezas, do pessimismo,  do paradoxo, da produção em série, da pirataria, dos descartáveis; o urbano virou rural e este, urbano; os shoppings viraram referência universal, pois está em Natal ou Nova Iorque não mais faz diferença alguma;  no século XX o gênero do texto entra em crise, a contemporaneidade, não define bem o estilo, não se nomeia; o mundo contemporâneo se dá de forma híbrida, sente-se saudade do agora porque tudo passa muito rápido, as coisas são muito mais virtuais do que reais, tem-se problemas imaginários, tais como síndrome do pânico, depressão,  estresse, onde o ter carro, celular, status, dinheiro vale mais do que ser honesto, justo, humilde; quando, ao invés de se Ter amor, sabedoria, humildade, se tem corrupção, insensatez e crueldade, e “assim caminha a humanidade”, e a sociologia não mais comporta a vida porque a Vida se justifica por ela mesma em nome da Literatura, da arte.
Amiga minha T. L., redijo-te estas linhas no intento de te dizer que assim como Platão foi antes poeta para que se fizesse filósofo e Nietzsche filósofo, sendo poeta; tu, assim como ambos, já nasceste poeta, por isso és uma excelente professora que encanta a todos nós com a tua forma desprendida de conduzir as tuas “aulas” num hibridismo (docente\poeta) interativamente gostoso de viver.
Poderia me alongar por demais nesta missiva, por ter sido um estilo de escrita que me levou a ser o que sou hoje, enquanto identidade no logos, quando residi em Sampa por dez anos, onde até então guardo comigo 500 delas (cartas), não como belas lembranças apenas, mas acima de tudo como signo de que a minha mutação é constante por força da palavra. Por isso, encerro esta por aqui lhe parabenizando pelos cinco belíssimos encontros que nos proporcionaste em POESIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA no curso de Especialização em Literatura Brasileira.

Abraços filopoéticos!

domingo, 11 de novembro de 2012

ANÁLISE DO POEMA: AUTOPSICOGRAFIA DE FERNANDO PESSOA


 El Pensamor


AUTOPSICOGRAFIA – Fernando Pessoa

*Maurício Cardoso Garcia

“Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.”

(Poema Isto – Fernando Pessoa) [1]

O FINGIMENTO COMO UMA NECESSIDADE INEXORÁVEL DO SER

Sabendo-se que o poema Autopsicografia do poeta português, Fernando Pessoa, trata-se de um de seus textos poéticos mais conhecidos, lidos e estudados, o qual, tem sido quase sempre objeto de pesquisa acadêmica, onde muitas vezes discentes sedentos estão a perscrutar sempre algo mais sobre o poema, ainda assim, não se descarta a possibilidade de se refutar sobre o mesmo para se buscar fazer novas leituras investigativas, isto é, uma análise interpretativa conforme quase toda obra sempre suscita.
Em particular, debruço-me também agora sobre o referido texto poético para buscar perceber algo mais do já que foi dito; Oxalá, que o esforço de minha ousada inteligência venha realmente desvendar o filão contido no texto, certamente, já desvendados entre tantos pesquisadores, em outrora, porém o meu intento é o inusitado que ainda se encontra latente na obra.

Com base nos textos de sala, na Disciplina: Teoria do Texto Poético, do Professor Antonio Medeiros, e na Gênese dos Heterônimos do próprio Fernando Pessoa, desprendidamente e sem me prender à fórmula pronta, deixo-me envolver pelo poema Autopsicografia pessoano, e assim, percebo o que o poema nas suas filigranas pode me oferecer de mais precioso e essencial; então, passo a discorrer sobre o que a própria intitulação (Autopsicografia) do poema sugere. Antes, porém, faço uma breve análise da estrutura do poema, em seguida, debruço-me para uma análise do poema buscando ver a representação descritiva da alma que o poeta faz sobre si mesmo, ou seja, do seu  ortônimo e  através dos seus heterônimos no que tange o fingimento e a descrição da sua alma que é o tema que envolve o texto poético. 

AUTOPSICOGRAFIA [2]

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve
Mas a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de cordas
Que se chama coração.

O poema acima, Autopsicografia, trata-se de uma redondilha maior, ou seja, em sete sílabas poéticas, heptassílabo. Vejamos alguns dados a mais sobre a redondilha:

“Redondilha é o nome dado, a partir do século XVI, aos versos de cinco ou sete sílabas - a chamada medida velha. Aos de cinco sílabas dá-se o nome de redondilha menor e aos de sete sílabas, de redondilha maior. A redondilha foi muito utilizada pelos poetas do Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende e por Camões [3]

E segue esquema de rimas alternadas ou cruzadas, apresentando uma certa irregularidade nos versos 1º e 3º da última estrofe (ABAB); (ABAB); (ABAB) nas três redondilhas maiores (estrofes de quatro versos ou quarteto), num total de três estofes, somando 12 versos. A primeira redondilha que se caracteriza principalmente como um paradoxo e uma ironia em torno do fingimento do autor-poeta e poeta-autor, que se apresenta como uma espécie de metapoeta, ele infere na palavra FINGIDOR (substantivo) o próprio sentimento que será revelado logo em seguida; ou seja, se numa atitude lúdica de observador analítico nós separarmos o vocábulo FINGI – DOR, veremos claramente isso. Certamente, o poeta criador de ideias e de sentimentos de si mesmo, emanado de sua imaginação criativa, se entretém nesse jogo, quando no terceiro verso diz: ... FINGIR (que é) DOR, praticamente parece repetir o mesmo substantivo (fingidor) do primeiro verso de maneira intencional e brincalhona, já que nos parece que seja isso mesmo o seu intento percebido no decurso do poema. Onde foneticamente não se consegue discernir FINGI-DOR de FINGIR DOR, Percebem.

Autopsicografia, significa dizer auto - grego autós, -ê, -ó, eu mesmo, ele mesmo, mesmo; pref. Exprime a noção de próprio, de si próprio, por si próprio. psicografia s. f.1. História ou descrição da alma. Em síntese, podemos dizer que autopsicografia trata-se de uma pessoa, que aqui é o poeta Fernando Pessoa, por si próprio fazendo a descrição histórica da sua própria alma, como se estivesse a fotografar a sua essência mais profunda, como ele mesmo diz:
Médium, assim, de mim mesmo todavia subsisto. Sou, porém, me­nos real que os outros, menos coeso (?), menos pessoal, eminentemente influenciável por eles todos. [4]
Autopsicografia, pode-se dizer que é um poema que essencialmente reflete o real poético criativo da pessoa de Pessoa em várias pessoas, ou seja, a pluralidade de si em seus heterônimos, tais como Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Chevalíer de Pas, entre outros. Um tipo de reflexo sem a realidade refletida dos espelhos, posto que estes, nem sempre revelam o real sentido da imagem, mas sempre uma imagem invertida do real e/ou muitas vezes distorcidas de essa realidade que se busca e tanto se quer, mas que se não é possível. No entanto, parece-nos que através de o recurso poético do Eu lírico pessoano, o poema Autopsicografia, retrata de maneira sutil o reflexo de o próprio ser do poeta de forma representativa mais que real, porque é sentido no âmago do poeta, ou seja, da pessoa de Fernando desde a sua tenra infância, quando ele, em carta a Adolfo Casais Monteiro trata sobre a gênese dos seus heterônimos:
Tive sempre, desde criança, a necessidade de aumentar o mundo com personalidades fictícias, sonhos meus rigorosamente construí­dos, visionados com clareza fotográfica, compreendidos .por dentro das suas almas. Não tinha eu mais que cinco anos, e, criança isola­da e não desejando senão assim estar, já me acompanhavam algu­mas figuras de meu sonho — um capitão Thibeaut, um Chevalier de Pas — e outros que já me esqueceram, e cujo esquecimento, como a imperfeita lembrança daqueles - é uma das grandes sauda­des da minha vida. [5]

Isto é, como uma necessidade quase compulsiva ou histérica, como ele mesmo fala de representação constante, posto que o mundo que o cerca parece não lhe ser suficiente para dar as respostas que tanto buscava sentir.
Percebe-se no poema uma espécie do Eu de Si Mesmo que Pessoa sente-se no afã de nomear para que seu intento seja bem dito, pois que se não for nomeado pode se correr o risco de não ser bem representado ou se tornar mera repetição de tudo que já existe, o EU que pulsa para dizer algo mais do que o próprio EU da pessoa de Pessoa.
No verso “O poeta é um fingidor” à primeira vista, chega a soar mal, a ponto de se ver o poeta num nível de rejeição cruel; digamos, o poeta é elevado a uma espécie de mentiroso, de gente vã, medíocre, sem categoria nenhuma; ou melhor, à categoria na qual todo artista praticamente é levado, à de marginal. Porém, no desenrolar do poema a ideia vai se formando e tomando corpo onde o poeta fala de si mesmo (ou seja, Fernando Pessoa, poeta, fala do poeta como sendo uma espécie de metapoeta ou de metapoesia, que ele mesmo denomina de Autopsicografia).
No segundo verso, “Finge tão completamente”, é endossada ao extremo a afirmação do primeiro verso, ou melhor, ele não só finge como também confirma que finge por completo, sem medo e com determinação da própria necessidade de fingir.
No 3º verso, “Que chega a fingir que é dor”, ele diz do que realmente finge, porém fica implícito que o seu fingir não é só a dor, mas algo maior, pois que é na própria alma que sofre. Porque a dor, em parte, é o extremo do sofrimento de que o humano é capaz de sentir, entre tantas outras dores existenciais.
E por fim, no quarto verso, “A dor que deveras sente”, ele fecha o quarteto primeiro de forma irônica e paradoxal, como se fizesse cair a máscara do fingidor, quando revela que o seu fingimento é mais que real na dor, porque fingir realmente o que se sente na pele, na alma é como se fosse um tipo de brincadeira cruel, às vezes até infantil, masoquista ou senão, uma atitude para não incomodar os outros que certamente não irão solucionar o seu problema, ou seja, a dor que se sente, mormente quando muitas vezes trata-se de uma dor transcendental ou metafísica.
“Na vida, a grande questão é a dor que se causa, e nem a metafísica mais engenhosa pode justificar o homem que dilacerou o coração que o amava” [6]
Pode-se perceber que Fernando Pessoa quando diz que, “O poeta é um fingidor”, o faz com profunda consciência de concepção da realidade humana nele mesmo e em seus heterônimos, onde ele, enquanto Poeta remete ao poeta como uma metáfora da própria humanidade diante a sua realidade de indivíduo no mundo e ao mesmo tempo refere-se a si mesmo, Fernando Pessoa, ante os seus heterônimos como uma humanidade particular, os quais são representação das suas necessidades múltiplas de criador como poeta-pensador das suas ideias e dos personagens reais e não fictícios como os dos romances; Pessoa consegue transcender a realidade fictícia dos seus heterônimos, transformando-os em si mesmo e em personagens da vida real. Veja o que ele diz sobre isso:
Além disto, esta tendência não passou com a infância, desenvol­veu-se na adolescência, radicou-se com o crescimento dela, tornou-se finalmente a forma natural do meu espírito. Hoje já não tenho personalidade: quanto em mim haja de humano, eu o dividi entre os autores vários de cuja obra tenho sido o executor. Sou hoje o ponto de reunião de uma pequena humanidade só minha. (Genêse dos heterônimos) [7]

Entre a intitulação: Autopsicografia do poema pessoano e a sua realidade heteronômica têm-se uma forte relação representativa dos Eus de Fernando Pessoa, que nos parece ser grande parte das necessidades humanas que são expressivamente reveladas através do ato inexorável de fingir; fingir como uma prática intrínseca e coerente a todos nós ante as diversidades que a própria vida se expõe, e não só a de poeta, que no poema manifesta-se como uma metáfora da própria realidade humana. A ponto de se poder inferir, na primeira estrofe, a figura explícita do próprio poeta Fernando Pessoa; isto é, enquanto poeta nomeado como Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Álvaro de Campos, como sendo seus eus implícitos; Na segunda estrofe, percebe-se o afastamento do poeta Fernando Pessoa e a presença explícita dos seus heterônimos, mas também podemos inferir a figura dos próprios leitores; no entanto, o poema é bem claro quando diz: “Os que lêem o que escreve / Na dor lida sentem bem”, ou seja, o poeta enquanto leitor introspectivo e narcisista sentindo-se a si mesmo através da leitura propriamente dita do que escreveu ou escreve, pois é como se fosse um tipo de purgação da alma, fuga da realidade, quando se ler o que se escreve, principalmente  quando se escreve para si mesmo ou para seus próprios eus, a ponto de não atingir a ninguém mais, a não ser a sua humanidade particular.  Seriam seus heterônimos lendo o que Pessoa escreveu, porém eles não sentem porque são meros personagens criados pelo sentidor que é Pessoa. São eles, os heterônimos, representantes da dor propriamente do poeta e humano Fernando Pessoa. Quanto aos leitores, estes nem sempre escrevem, apenas se sentem, muitas vezes, inseridos no contexto do poeta como se eles os tivessem escrito aquilo que tanto dilacerava a sua alma, por isso, na dor lida sentem bem.  E ainda na leitura de si mesmo, vejam um fragmento do poema, Não sei quantas almas tenho, do próprio Fernando:
Por isso, alheio, vou lendo
como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
o que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu. [8] 

Na 3ª e última estrofe parece-nos sugerir o heterônimo Álvaro de Campos do Eu pessoano quando diz “E assim nas calhas de roda / Gira, a entreter a razão, / Esse comboio de cordas / Que se chama coração” e, sendo este, Álvaro de Campos, engenheiro naval que exalta as máquinas, a velocidade da modernidade, parece brincar com o sentimento e o racional comparando o coração e a razão a uma máquina numa visão bastante lúdica, isto só possível muitas vezes através do recurso artístico-poético.
Em síntese, podemos dizer que o ortônimo, Fernando Pessoa, com os seus heterônimos, implicitamente, no poema Autopsicografia, através da ironia e do paradoxo presente na primeira estrofe, quando diz (A dor que deveras sente) em oposição ao (O poeta é um fingidor); da atenuação do sofrimento na 2ª estrofe (Na dor lida sentem bem); e, na terceira e última estrofe, (Gira, a entreter a razão) quando brinca com seu jogo intelectual com a criação poética de poeta-pensador; percebemos que, só mesmo através das palavras e da imaginação criativa se pode brincar até mesmo com a dor da própria alma, metafisicamente poetando, em nome da arte-poética.

*Aluno do Curso de Especialização em Literatura Brasileira – UFRN



REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES, HORÁCIO, LONGINO,  A poética clássica. Tradução direta do grego e do Latim por Jaime Bruma; introdução por Roberto de Oliveira Brandão. 6ed. São Paulo: Cultrix, 1995.
ANDRADE, Carlos Drummond de. “A Bolsa e a Vida”. In: Obras Completas: poesia e prosa. RJ: Nova Aguilar. 1988, p. 1583-5
ASSIS, Machado de. Quincas Borba [1899]. São Paulo: Ática, 1992, p-13 e 214.
CÂNDIDO, Antônio. “O direito à literatura” in: Vários escritos. 4ª edição, reorganizada pelo autor, São Paulo; Rio de Janeiro: Duas Cidades: Ouro sobre Azul, 2004, p. 169- 191.
____, “Comentário e interpretação literária” In: O estudo analítico do poema. 5 ed. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2006m p. 27-36.
CARVALHO, José Cândido. Os mágicos municipais (contados, astuciados, sucedidos e acontecidos do Povinho do Brasil), Rio de Janeiro: José Olympio, 1984 p. 44-5.
DUCROT,  Oswald.  TODOROT, Tzevetan. Gêneros literários. In: Dicionário enciclopédico das ciências da linguagem. 2 ed. São Paulo: Perspectiva,1988, p. 147-151.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia, saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 199.
NASSAR, Raduan. Menina a caminho e outros textos. 2ª ed. São Paulo: Companhia de Letras, 1997, p. 69-73.
PAES, José Paulo. “Por uma literatura de entretenimento (ou o mordomo não é o único culpado)” In: A aventura literária. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p.  25-38.
PESSOA,  Fernando. “Nota preliminar”. In: Obra poética. 7 ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, p. 69.
TODOROT, Tzevetan. “Os dois princípios da narrativa”. In: Os gêneros do discurso. São Paulo: Martins Fontes, 1980, p. 61-84 (ensino superior).
____, “Em torno da poesia”.  Os gêneros do discurso. São Paulo: Martins Fontes, 1980, p. 95-25 (ensino superior).
ZÉ, Tom; MEDEIROS, Elton. “Tô”. faixa 4 do lp Estudando o samba, Continental, 1976; ed. remasterizada, Continental, 2000.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

http://forum.angolaxyami.com/poesia-portuguesa/12297-fernando-pessoa-isto-poesia-seria-e-profunda.html
http://www.releituras.com/fpessoa_psicografia.asp
TODOROT, Tzevetan. “Os dois princípios da narrativa”. In: Os gêneros do discurso. São Paulo: Martins Fontes, 1980, p. 61-84 (ensino superior).
(http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=704



[1] http://forum.angolaxyami.com/poesia-portuguesa/12297-fernando-pessoa-isto-poesia-seria-e-profunda.html

[2] http://www.releituras.com/fpessoa_psicografia.asp
[6] Texto de sala: Os dois princípios da narrativa p. 73

sábado, 27 de outubro de 2012

ANÁLISE DO POEMA: VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA




El Pensamor



ANÁLISE DO POEMA: VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA de Manuel Bandeira

*Maurício Cardoso Garcia

... foi o poema de mais longa gestação em toda minha obra. Vi pela primeira vez esse nome de Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] ... Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do subconsciente esse grito estapafúrdio: “Vou-me embora pra Pasárgada!”. Senti na redondilha a primeira célula de um poema [...]
(Manuel Bandeira) [1]  


UMA INTITULAÇÃO POÉTICA QUE SOA COMO MÁXIMA


Assim como Sócrates em Só sei que nada sei; Shakespeare, Ser ou não ser; eis a questão e tantos outros que criaram suas máximas para a posteridade se valer delas diante de várias circunstâncias para dar vazão a seu intento, Manuel Bandeira também deixou a sua máxima: Vou-me embora pra Pasárgada, onde comumente estamos a aludir essa expressão título quando menos esperamos ou queremos fugir de alguma situação difícil ou coisa semelhante. 



Levado pelo desprendimento de adentrar-me no texto do poeta Manuel Bandeira buscando vivenciar cada verso do Vou-me embora pra Pasárgada, fui-me embora literalmente deleitando-me do presente, enquanto perscrutador da obra em si; do passado, enquanto marcas da tradição presentes no texto; e do futuro na perspectiva do afã e do sonho do poeta de evadir-se para o longe como fuga da realidade. Assim sendo, desvendei nessa viagem à Pasárgada, traços de modernidade e da tradição, bem como algumas contradições, ironias e paradoxos que o poeta Bandeira trabalha quão sábia e poeticamente, sobre o qual passo a desenvolver uma leitura investigativa, isto é, uma análise interpretativa através deste breve Ensaio Acadêmico. Segue-se o poema:


VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA [2]

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.


O poema: Vou-me embora pra Pasárgada, refere-se a um vindouro distante, repleto de coisas novas, uma espécie de modernidade e de eldorado terreal, um sonho, um desejo como fuga da sua realidade melancólica e da solidão proporcionado, às vezes, pela sua doença, isto centrado num saudosismo e num erotismo, que no poema se insere como um refrão em redondilha na extensão de toda a obra, como uma marca da tradição, também conhecido como medida velha, redondilha maior (métrica em sete sílabas poéticas). Sendo Bandeira um poeta modernista que se vale da poesia em versos livres (sem rima, sem pontuação, sem rigor parnasiano, com expressões coloquiais), não hesita em construir sua obra por essa linha. Mas também o seu poema tem marcas de coisas passadas e da tradição mais antiga, onde remete a sua infância, o seu pretérito mais remoto quando fala das estórias de Trancoso quando chama a mãe-d’água e quando se refere ao pau-de-sebo. A figura da pessoa Manuel Bandeira, se pararmos para refletir, a sua vida em si foi um misto de tradição e modernidade, pois sendo ele poeta moderno, passou a vida inteira com uma doença, a tuberculose,  que era marca crucial na vida dos poetas do Romantismo, os quais morriam dessa mesma doença ainda muito jovens, entre 19 e 21 anos de idade, mas Bandeira como autêntico Modernista ultrapassou a casa dos oitenta anos de idade.  Pasárgada também se trata de um lugar existente, real e possível para se viver, ou seja:

Pasárgada é uma cidade da antiga Pérsia e é atualmente um sítio arqueológico na província de Fars, no Irã, situado 87 km a nordeste de Persépolis. Foi a primeira capital da Pérsia Aqueménida, no tempo de Ciro II da Pérsia, e coexistiu com as demais, dado que era costume persa manter várias capitais em simultâneo, em função da vastidão do seu império: Persépolis, Ecbátana, Susa ou Sardes. É hoje um Patrimônio Mundial da Unesco. A construção de Pasárgada foi iniciada por Ciro II, e foi mantida inacabada devido à morte de Ciro em batalha. Pasárgada manteve-se como capital até que Dario iniciou a mudança para Persépolis. O nome moderno vem do grego, mas pode ter derivado de um outro usado no período aquemênida, Parsagada. O sítio arqueológico cobre uma área de 1,6 km², e contém uma estrutura que acredita-se ser o mausoléu de Ciro, o forte de Tall-e Takht em uma colina próxima e as ruínas de um palácio real e jardins. Os jardins mostram o exemplo mais antigo dos chahar bagh persas, ou jardins quádruplos.) [3]

Podemos destacar dentro do poema duas estrofes (3 e 4) em que predominam basicamente a tradição e a modernidade. Por exemplo: na estrofe 3, quando o poeta faz referência a montar em burro brabo, subir em pau-de-sebo, mandar chamar a mãe d’água pra contar histórias no tempo de ele menino trata-se da tradição vivida na época da sua infância, na remota província, na qual viveu; já na estrofe 4, Bandeira  expressa o sentimento de um verdadeiro utopista, um sonhador, visionário, quando diz que em Pasárgada tem tudo é outra civilização, tem um processo seguro de impedir a concepção, tem telefone automático e alcalóide à vontade, com isso o poeta retrata o que existe de mais moderno em Pasárgada, porém ainda nessa mesma estrofe ele também insere um dado interessante que é o caso das prostitutas bonitas para se namorar; vejam que a prostituição é fato que acontece desde os mais remotos tempos e que ao mesmo tempo se faz presente até hoje, ou seja é uma realidade contemporânea, que ocorre em todas as épocas, Marshall Berman nos fala justamente desse assunto quando diz:

Apropriar-se das modernidades de ontem pode ser, ao mesmo tempo, uma crítica às modernidades de hoje e um ato de fé nas modernidades – e nos homens e mulheres modernos – de amanhã e do dia depois de amanhã. (Texto de sala – Introdução Modernidade ontem, hoje e amanhã) [4]

Na estrofe abaixo temos o entendimento de que o poeta já esteve ou viveu em Pasárgada. Como se lá fosse a sua própria morada de outrora. Quando diz: “Lá sou amigo do rei” “Lá tenho a mulher que eu quero”  Os verbos estar e ter definem bem esta realidade; ao invés de dizer lá serei ou terei, como sendo algo do futuro ou do seu desejo, ele já se diz amigo do rei e tem poder sobre o seu querer, ou seja a mulher que quer, porém tem um detalhe, agora, o verbo escolher, aparece articulado no tempo futuro e não no presente como antes (sou e tenho), quando se refere à escolha da cama. Ou seja, há uma espécie de exílio da terra na qual parece nunca ter ido, mas que vive  nos seus sonhos, o paraíso perdido na memória, como uma fuga da sua insatisfação e dor, solidão na qual vive.

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

O poeta fala da razão pela qual deseja ir embora, (Aqui eu não sou feliz) e mais uma vez afirma o que há de bom e de melhor em Pasárgada, diz que viver em Pasárgada é uma aventura sem problemas nenhum a ponto de a rainha de Espanha, Joana, a pseudo-louca, se fazer parente por afinidade da nora que não tem. Aqui o poeta parece ironizar a vida, a existência como uma aventura e coloca justamente uma situação real, mas que parece uma brincadeira, Joana se tornar rainha da Espanha mesmo louca. No entanto, como disse acima, a sua ironia acirra-se mais ainda, quando ele diz (Rainha e falsa demente). Assim sendo, ele resgata o século XV na pessoa da rainha da Espanha, Joana. Esta que foi:

A terceira filha dos cognominados Reis Católicos. Nasceu a 6 de Novembro de 1479 na antiga capital visigótica de Toledo e foi baptizada com o nome do santo padroeiro da sua família, tal como o seu irmão mais velho, João. Desde pequena considerada muito bela e inteligente, recebeu uma esmerada educação, própria a uma infanta e improvável herdeira da Castela, baseada na obediência, ao contrário da exposição pública e da aprendizagem de governo, requeridos na instrução de um príncipe. No estrito e itinerante ambiente da corte castelhana da sua época, Joana foi uma boa aluna no comportamento religioso, urbanidade, boas maneiras e comportamento próprios da corte, sem esquecer as artes, como a dança e a música, entretenimento como a equitação e o conhecimento das línguas românicas da Península Ibérica para além do francês e do latim. Entre os seus principais preceptores se encontraram o sacerdote dominicano Andrés de Miranda, a amiga e tutora da rainha Isabel, Beatriz Galindo, apelidada de "a latina" e, provavelmente a sua mãe. [5]

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

Na estrofe seguinte, acontece uma inversão na colocação dos verbos: andar, montar, subir, tomar, ao invés de o poeta utilizar os verbos no presente, ele, os articula no tempo futuro, manifestando o desejo de ir para Pasárgada, porém dá-se a entender que todas as ações ocorrem fora de Pasárgada, ou seja, ainda na sua terra provinciana no tempo da sua infância com ações características de sua época. Em seguida, mais uma vez, ele retoma os verbos: deitar e mandar, para o tempo presente como se Pasárgada fosse apenas um sonho, uma idealização do seu intenso afã:

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Na estrofe que se segue encontramos uma contradição, quando o poeta diz que em Pasárgada tem tudo, e que é outra civilização, quando na estrofe anterior ele manda chamar a mãe d’água para lhe contar histórias, isso nos leva a entender que mesmo indo pra Pasárgada ele terá de levar consigo coisas da sua terra e mesmo tendo coisas novas ele precisa ainda mais das coisas antigas, ou, digamos, do tradicional, do passado, assim como nos mostra, Vera Maria Antonieta Tordino Brandão:

Quando vamos ao encontro do passado, por meio da memória, partimos do presente. É do hoje que parto rumo ao passado. Trago comigo a memória dos tempos: um tempo externo, Cronos – objetivo, históricos, datado, irreversível; e um tempo interno, Kairós – subjetivo, vivido, reversível. Este último é, também, o tempo do mito, do místico, das religiões – um tempo circular – que, a cada narrativa, reinicia o ciclo e o círculo que lhe dá novo significado, e o conserva. [6]

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

Eis, agora, na última estrofe, um grande paradoxo em que o poeta se encontra, pois sendo Pasárgada um lugar possível de escapar de vários problemas, ou seja, um lugar onde a existência é uma aventura sem nenhuma consequência, ele, Manuel Bandeira, fala justamente da tristeza e da morte de quando estiver mais triste do que já é a sua própria vida, uma tristeza de grandes consequências, sem retorno, ao ponto de lhe dar vontade de morrer; aí, já sendo amigo do rei, como foi seu otimismo e forte desejo na primeira estrofe, ao invés de ter a mulher que ele quer, agora ele utiliza o verbo ter no futuro dizendo que terá a mulher que quer na cama que escolherá, ou seja, inverte tudo o que disse logo na introdução do poema:

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Assim sendo, Bandeira mostra em seu poema a vida como ela é: cheia de contradição, paradoxo, ironia e sem nenhuma linearidade como muitas vezes se exige que ela seja.    


*Aluno do Curso de Especialização em Literatura Brasileira – UFRN


REFERÊNCIAS
BENJAMIN, Walter. Magia, Técnica, Arte e Política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad., apresentação e notas de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1995. (Obras escolhidas I)
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia de Letras, 2000.
BORHEIM, Gerd. A. (et. al.) O conceito da tradição: In:____, Tradição/Contradição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987, p. 13-
BRANDÃO, Vera Maria Antonieta Tordino. Labirintos da memória: quem sou¿ São Paulo: Paulus, 2008 (coleção questões fundamentais do ser humano, 7)
CANDIDO, Anatonio. Entre Campo e Cidade. In: ____, Tese e antítese: ensaios. 4 ed. São Paulo: T. A. Queirós Editor, 2000.
_____ Os parceiros do rio bonito. Estudo sobre os caipiras paulistas e a transformação de seus meios de vida. 10 ed. São Paulo: Editora 34, 2003.
HAMBURG, Michael. A cidade e o campo: fenótipos e arquétipos, in: ____, A verdade da poesia. Tensões na poesia modernistas desde Baudelaire. Trad. Alípio Correia de França Neto. São Paulo: Cosac Naify, 2007, p. 373-446
SCHWARZ, Roberto. A carroça, o bonde e o poeta modernista. In:____, Que horas são¿ Rnsaios, São Paulo: Companhia de Letras, 1987, p. 11-28
LE GOFF, Jacques. Por amor à cidade: conversações com Jean Lebrun. Trad. Reginaldo Carmello Correia de Moraes. São Paulo: Editora Unesp, 1998.
RAMOS, Graciliano. A propósito da seca. In:____, Linhas Tortas, 21 ed. Rio de Janeiro. Record, 2005, P. 186-190.
WILLIAMS, Raymond. O Campo e Cidade na História e na Literatura. São Paulo: Companhia de Letras, 1973.     

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

BANDEIRA, Manuel. Bandeira de bolso: uma antologia poética: organização e apresentação de Mara Jardim – Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Bandeira





[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Bandeira
[2] BANDEIRA, Manuel. Bandeira de bolso: uma antologia poética: organização e apresentação de Mara Jardim – Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.

[4] Berman, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia de Letras, 2000.

[6] Brandão, Vera Maria Antonieta Tordino. Labirintos da memória: quem sou? São Paulo: Paulus, 2008 (coleção questões fundamentais do ser humano, 7)